18/08/2011

Jeremy Clarkson apela contra a corrida da potência.

Como sabemos, a Ferrari 250 GTO é considerada de longe como a melhor e mais importante Ferrari de todos os tempos. Infelizmente, eu não posso confirmar isso, porque a BBC não é rica o suficiente pra pagar o seguro Premium, por isso eu nunca deveria dirigi-lá. Mas de uma coisa eu sei. Ela produz só 299 cv.

Então, vamos colocar em pratos limpos: O melhor carro já feito em toda a história do mundo produz menos cavalos (bem menos) que um Ford Focus preparado.

No parquinho deserto do Qatar, isto, certamente, é uma noção ridícula. O melhor carro, então, é o carro mais potente. Potência é tudo. Potência é a personificação de suas bolas. Quem tem mais é o melhor, o mais forte e o mais bonito.

Antigamente, era a velocidade máxima que contava, especificamente o número mais alto que seu velocímetro marcava. O Ford do meu pai mostrava 190 km/h, então ele tinha um pênis bem maior que o pai do John Forrester, que em seu Sunbeam só aparecia 145km/h. Na minha cabeça de 11 anos de idade, isso era um fato.

Mas custa muita grana aos construtores comprar componentes que possam lidar com altas
velocidades reais, então atualmente quase todos são limitados a 250 km/h. Isso significa que as genitais de todos são iguais. E é a mesma coisa com a aceleração. Eu lembro que realmente acreditava que era melhor que meu amigo porque meu Scirocco fazia o 0-96 em 7,9 segundos, e o Chevette HS dele levava 8,3. Hoje, porém, carros chegam aos 96 km/h em tempos que os errinhos da natureza os deixem. 0-à-96 não é nem remotamente relevante no pátio do colégio. Ou num Pub. Ou até no Qatar. Não. É a potência.

"A UE pode apontar os ursos polares ou a camada de ozônio, mas os engenheiros sabem que os carros novos têm que produzir mais potência."

As fábricas de carros sabem disso, e isso é o porquê de haver uma questão inexorável pra achar mais. A UE (União Europeia) pode ficar batendo na mesma tecla e apontar os ursos polares ou a camada de ozônio, mas enquanto os engenheiros sabem que seu próximo motor não deve produzir nada além de florzinhas, eles também sabem que se não produzir mais potência que o anterior (que arrotava um coquetel de carvão e ácido) eles estarão falidos.

E tem mais, deve produzir mais que o Audi equivalente, que deve produzir mais que a Mercedes equivalente, que deve produzir mais que a BMW equivalente e por aí vai. Entretanto, nós estamos chegando rapidamente à hora em que a idiotice deve parar.

Primeiro eu noticiei o problema em dirigir uma Mercedes SL preparada pela Brabus, há alguns anos atrás. Ela produz 740cv e algo de uma centena no torque. Esse é o tipo de coisa que levanta o mastro da barraca de sua túnica. Mas, infelizmente, isso causa ainda mais questões na estrada. O carro é próximo do indirigível.

No início, eu pensei que talvez a Brabus devesse ter tido um mal dia, e que aquela simplesmente não tinha sido pensada de forma adequada, mas depois eu experimentei a SL Black da AMG de 670cv. E foi  tão ruim quanto. Foi como pilotar uma baleia turbinada.

Ela rola quando se pede pra ir numa curva, e qualquer tentativa de ajeitar o carro com o acelerador era besteira. Foi como tentar embalar um bebê berrando com um taco de baseball.

Talvez, eu pensei, que o chassi da SL simplesmente não fosse capaz de lidar com números tão altos. Foi um pensamento plausível. É um carro pra dentistas de Houston, e não para novos-pilotos com estômago de aço, como eu.

Entretanto, mais recentemente eu tentei a Ferrari 599 GTO, que também produz os 670cv e também não funciona como devia. E o projeto do chassi da 599 definitivamente não tinha em mente os homens-boca do Texas. Foi projetada, como sabemos, para donos de lojas de tapetes do norte para que pudessem fingir que são o Michael Schumacher.

Bem, te digo uma coisa: Se só parecer que vai chover, e você for dar uma de Michael Schumacher com um 599 GTO, você vai acabar em uma árvore.

Altos valores de potência soam excitantes, mas, na estrada, você precisa de alguma borracha nas buchas e um curso de suspensão. Você ainda precisa de pneus que não se acabem depois de 25 km e direção que não vá de batente a batente em meia volta. E essas coisas simplesmente se desintegram quando são apresentadas a 670 cv.

Sim, eu sei que o Bugatti Veyron funciona na estrada, e tem mil cavalos. Mas é por isso que ele custa na casa dos milhões. E é isso o tanto que você tem que gastar para jogar na nata do jogo de números. Se você quer gastar menos de um milhão em um carro, então eu acho que a realística quantia máxima é a de 600 cv. Claramente a McLaren pensa assim, que é o porquê de seu novo carro parar abaixo desse número mágico. Como é com a 458. Como são todos os grandes carros de verdade.

Então agora estamos em um lugar complicado, porque a BMW, Audi e Mercedes estão vendendo carros que desenvolvem 500cv. E se eles continuarem competindo, eles chegarão à marca dos 600 logo. E aí o que? Todo agente estatal e banqueiro do planeta vão deixar uma bela marca num poste de luz.

Os alemães estão obviamente preocupados, tanto que o que eu vejo agora é uma competição por quem pode instalar o som mais poderoso. Da última vez que olhei, quem estava na liderança era um Jag com 1200 watts. Isso é o suficiente pra arrancar sua cabeça inteira.

Mas nós não estamos realmente interessados em quão alto podemos ouvir Jeremy Vine enquanto dirigimos a um compromisso de almoço. Podem também estar competindo dizendo: "Nós temos mais marchas que vocês." Oh, eu esqueci. A Lexus já está fazendo isso.

Entretanto, precisamos de algo pra substituir a potência na nossa imaginação, porque carros com mais de 600cv são perigosos. E, se eles são limitados à 250km/h, são completamente sem sentido.

Decibéis? Não acho. Deixamos isso aos ‘homotociclistas’. Luzes? Chato. E você pode acabar de volta a um Citroën AX. Emissões? Ah, dá um tempo. Você realmente acha que pessoas normais vão sair por aí dizendo: "O carro do meu pai produz menos dióxido de carbono que o carro do seu pai".

Não, eu acho que pensei no que: Preço. Sim. Vamos parar de falar as produtoras de carros que queremos mais potência. Nós já temos que chega. No lugar disso, vamos dizê-las que queremos pagar menos grana. Porque, não vamos esquecer, quando era nova a 250 GTO custava £6,000 (R$15.700).

Fonte: TopGear.com
Texto traduzido por: Paulo Lange (Equipe TGBR)

18 comentários:

Carbonera disse...

Sábias palavras... porém, pra quem conhece bem o "estilo Clarkson", elas parecem não condizer com o que estamos habituados, não é verdade?

Icaro Nunes disse...

:O Tudo, tudo mesmo que ele falou é verdade. Hoje em dia pessoas só pensam em cv´s, e não como o carro anda, preço, e tudo mais... (Eu Acho)

matheus disse...

como sempre Jeremy escreve tudo errado e sem sentido, nossa nem gosto de ler seus artigos pois sao muito ruins.poskldpaoskdpoaskpoa

matheus disse...

powerrr poskdaposdkaops. mas ele tmb nao gostava do 911 e agora e um de seus carros preferidos.

Renato disse...

Bem realista só que desta vez o Jeremy não disse "power" kkk
Mas, vamos pensar nas lamborghinis, já chegou a 700 cv daqui apouco chega em 1000... como isso vai parar?!

matheus disse...

bom, mas a uns 20 30 anos essa faixa de potencia pra ter um carro controlável era de no máximo 400 cavalos. com o tempo as suspensões evoluíram os controles eletrônicos tmb, dentre outros sistemas q melhoraram muito. Ou seja a potencia ira aumentar e os sistemas q fazem o carro ficar grudado no chao tmb.

Gian disse...

Sabias palavras do mestre Jezza

bruno zen zortéa disse...

meu deus do céu isso é um grande texto hein ?

welington.leal disse...

"Foi como tentar embalar um bebê berrando com um taco de baseball"
Foi a perola do texto.

A solução ele deu no inicio do texto, Carros leves, motores pequenos e turbos.

Se eu morasse na Inglaterra, teria um Lotus Elise.

Realisticamente, em que momento podemos passar de 200km/h com um carro nas ruas e nas estradas?

O prazer de dirigir é estar no controle em uma curva dificil e manobrar o carro da forma mais rapida possivel desafiando a fisica.

A busca por potencia é apenas status, Tudo coisa de gente "poser",

Eu como o Jezza, olhava o maximo do velocimentro dos carros. O Monza era o maximo que vi quando pivete. 220km/h.

Ficava abismado com as motos supersport com velocidade maxima de 300km/h. O amigo do meu pai, Clebis, que era da ROTA, tinha uma. Era o meu idolo! Quanto eu tinha 7 anos.

Penso que falei demais!

Paulo Lange Neto (@langepaulo) disse...

Eu quase concordo com ele.

Acho que essa perseguição pelo melhor e maior sempre beneficia o consumidor final. Potência acaba sendo uma meta a ser alcançada, porém segurança também é melhorada conforme a potência. No fim das contas tudo melhora pra um carro de 600 cv, e isso é conhecimento, que pode ser aplicado à qualquer carro.

Pegando a Mercedes por exemplo: só as versões hardcore são perigosas, e quando se compra um carro assim é perigo que se tem, e é perigo que se espera. Mas se comprar um Classe C "não-AMG", ele vai conter diversos ensinamentos aprendidos com a versão tunada.

Acho válida essa perseguição, mas não acho que seja a definição.

Felipe Nunes disse...

Eu concordo com ele em quase tudo, e acredito que oque ele quiz dizer é que os carros estão sim mais potentes porem menos "dirigiveis", como a 599 GTO que ele citou, quase 700 cv e impossível de se pilotar, já o Nissan GTR e a Mclaren MC-12 menos potentes deram um show e carros muito mais potentes e mais caros.

A questão não é ter 1 Zilhão de Milhões de cavalos e sim ser rápido.

Thiago Cordeiro disse...

Vindo do Jeremy isso soa até estranho haja visto que ele adora POWWEEEEERRRRRR, mas de fato não tem sentido você fazer um carro que tem a cavalaria romana se você tem que andar como um competidor de marcha atlética.

Mas há de se ver que há carro das variadas cavalarias, compra os com mais cavalos quem for um bom domador, quem não tem a pegada fica com os carros de menores potências

Murilo Figueiredo disse...

Se vocês puderem continuem a traduzir as colunas do Jeremy..

Serrot disse...

Vejam os Lotus por exemplo, não são nem de longe os carros mais potentes, mas possuem boa suspensão, são leves (pelo menos por enquanto) e assim conseguem andar muito bem, muito melhor que carros com o dobro da potência...

Thomaz Martins disse...

Se vocês puderem continuem a traduzir as colunas do Jeremy.²

Guilherme disse...

Isso no exterior, certo? No Brasil apenas importa a cilindrada do motor. Por exemplo, muitas pessoas discriminam carros como o Peugeot 3008 ou o Hyundai Veloster dizendo que eles são 1.6, mesmo sabendo que eles tem a potência de um 2.0. Por que você acha que o Jetta 2.0 120cv está fazendo sucesso?

Matheus Amaral disse...

Poweeeeeeeer, qual problema de carros potentes mais dirigiveis?Ou então 2 carros, um pro track day e outro para ira ao trabalho.

Renan disse...

Também olhava os velocímetros para ver qual tinha a maior velocidade.

Postar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Affiliate Network Reviews